Mas será que ela tem escolha realmente?
Ninguém discute que o leite materno é o mais completo e nutritivo alimento para o bebê. Já falamos bastante sobre a importância do aleitamento para o combate de mortalidade infantil e melhoria da saúde da criança. Chegou a hora de falar da mãe, dos seus direitos, dos benefícios para a sua saúde.
Entre eles estão o menor risco de diabetes e desenvolvimento de câncer de mama e ovário, recuperação do tamanho normal do útero, diminuindo o risco de hemorragia e anemia, além da perda de peso mais rápido após o parto.
O fato é que mesmo com tantos benefícios, questões como vida profissional, pressões familiares, prescrições médicas, preconceito, influência da indústria alimentícia, carência de políticas públicas, dor e cansaço recaem sobre a mãe na hora de tomar tal decisão.
A decisão de amamentar é, portanto, da mulher. O corpo é da mãe e ela estabelece as regras. Somente ela pode ponderar todos os pontos e tomar a decisão de dar ao filho o aleitamento materno. Uma mulher cercada de apoio, com condições sociais e econômicas mínimas tende a optar pelo aleitamento, mas precisamos ter consciência que essa realidade não é a regra no Brasil. Portanto esse direito de escolha nem sempre está garantido.
O grande questionamento aqui é que a mulher esteja munida de informação e caso decida pelo não aleitamento materno exclusivo que não seja julgada. Que receba o nosso apoio e compreensão. Por outro lado, é imperativo construirmos os pilares sociais para garantir o amparo da família e das políticas públicas para que haja condições do aleitamento acontecer.
Para início é necessário entender quais são os principais medos e dificuldades da mulher quando o assunto é amamentação. Segundo artigo publicado na revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, em 2017, “os fatores que interferem na amamentação exclusiva levando ao desmame precoce estão relacionados a fatores emocionais, familiares e principalmente sociais, como a inserção da mulher no mercado de trabalho e a falta de tempo para se dedicar à amamentação exclusiva”. Ainda soma-se a isso dor e cansaço, devido a pegada incorreta, rachaduras nos seios e frequência das mamadas.
O mesmo artigo constata que o apoio da família e do parceiro (a) ajuda a mulher a manter a calma, a confiança e a torna segura e empoderada para o aleitamento materno exclusivo.
Portanto, embora o corpo e a decisão da amamentação pertençam à mulher, o amparo deve ser coletivo. Amamentar é um ato de cidadania.
Fonte:
CAPUCHO, Lorena Bassi; FORECHI, Ludmila; LIMA, Rita de Cássia Duarte; MASSARONI, Leila; PRIMO, Cândida Caniçali. Fatores que interferem na amamentação exclusiva. Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 19(1): 108-113, jan-mar, 2017. Disponível em: http://periodicos.ufes.br/RBPS/article/viewFile/17725/12151
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